Exposição Imanência promove educação através da arte

Raiz Forte Espaço de Criação, a Exposição Imanência traz uma proposta educativa para a temática étnico-racial através da arte, voltada para o público de todas as idades. A mostra, parte da estética capilar para discutir o racismo e a valorização do fenótipo negro e recebe turmas escolares mediante agendamento, além de visitantes espontâneos.

Provocados pela mediadora cultural Janaina Coelho, Yasmin, Luana, Juliana e os demais alunos do Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador (Cesam), cuja faixa etária vai de 15 a 17 anos, contam que imaginavam encontrar quadros e pinturas quando partiram para a Exposição Imanência. A visita, portanto, os surpreendeu.

Para o professor de Língua Portuguesa William Weber, que acompanhou os alunos, transpor as paredes da sala de aula fortalece a discussão e aponta para outras formas de ensino, a partir das quais os alunos podem encontrar depoimentos e se identificar.

Um dos espaços de destaque, dentro da proposta educativa e co-criativa da Exposição Imanência, é voltado para que os visitantes criem personagens feitos de ímãs, com os quais podem brincar trocando os cabelos, as partes do rosto e os acessórios.

O aspecto multimídia da exposição também aguçou os sentidos dos visitantes para o tema, ora apenas sentindo através do toque, ora só ouvindo, só lendo, assistindo ou colocando a mão na massa. Para Stephany Mont-Mor, de 16 anos, o momento mais interessante de toda a visita foi o dos vídeos com depoimentos.

O lúdico e o interativo para educar

Ludicidade e interatividade na educação

Segundo a arte-educadora Tatiana Rosa, a proposta da Exposição Imanência é aproximar as pessoas da temática étnico-racial por outros vieses.

A ludicidade, na exposição, se coloca entre espaços de fala e de escuta, de modo que quem interage com o conteúdo proposto também é convidado a criar novos materiais e a deixar suas próprias percepções.

A expectativa é que o "aprender brincando" se desdobre em mais ações educativas para o debate sobre a questão racial e ganhe efeito multiplicador. O professor William, por sua vez, já espera provocar novos questionamentos para a continuação da discussão em sala de aula e pensar nas possíveis relações com sua disciplina, a Língua Portuguesa.

As palavras carregam peso e poder. Os adjetivos usados, os substantivos escolhidos, e a maneira de utilizar verbos para descrever ações sobre outras pessoas definem muitas coisas. A palavra "crespo," por exemplo, passou a ter uma conotação negativa, mesmo representando apenas um tipo de cabelo. Não há uma definição de "ruim" inerente; é a cultura que impõe esse sentido. As palavras possuem um poder cultural significativo, e, ao romper essas associações, também se desfaz a cultura de racismo embutida nelas, trazendo novos significados e maneiras de uso. Essa mudança de pensamento está diretamente ligada à transformação do vocabulário.

destaca o professor

Com o objetivo de incentivar o trabalho de mais educadores em relação à temática, a exposição ainda disponibilizará seu conteúdo audiovisual no canal do Raiz Forte para ser utilizado em salas de aula e acessado por mais pessoas.

Igreja do Rosário

As turmas escolares que visitam a Exposição Imanência participam também de uma visita à Igreja Nossa Senhora do Rosário, localizada no topo da escadaria do Rosário, bem próximo ao Raiz Forte Espaço de Criação. Os visitantes são convidados a conhecer a história da igreja, que tem forte relação com a comunidade negra e teve sua construção iniciada em 1765 por negros. A visita é uma parceria da Exposição Imanência com o Projeto Visitar, realizado pela Prefeitura Municipal de Vitória e que conta com visitas monitoradas pelo Centro Histórico da capital.

O projeto Imanência é resultado da parceria entre o Raiz Forte e o Macunaímãs e conta com recursos do Fundo Estadual de Cultura do Espírito Santo, por meio de projeto contemplado pelo Edital nº 002/2016 - Valorização da Diversidade Cultural, e apoio da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab-Ufes) e do Programa Afro-Diáspora, da Universitária FM 104.7.